segunda-feira, 25 de junho de 2018

MARAVILHAS DO SUL DO MUNDO: ATACAMA, UYUNI, PERITO MORENO, FITZ ROY, USHUAIA


No dia 26 de dezembro de 2017 saímos, eu e minha companheira, Karin, a bordo de uma Mitsubishi Pajero Sport 2008, com mais de 130.000 km rodados, de Matinhos, litoral do Paraná para um tour que duraria exatos 60 dias e 17.069 km, por Argentina, Chile e um pedacinho da Bolívia. 

Para uma viagem tão longa, de carro, tínhamos que economizar em alguns aspectos, por isso, resolvemos ir de barraca e dormir em campings sempre que fosse possível. Às vezes, por conta do frio extremo ou chuva, optávamos pelo Air BnB ou Booking. Este é o relato dessa epopeia. Um pouco longo, talvez, mas muito legal também. Se você tiver paciência para ler, seja bem vindo a bordo. Se não tiver, pelo menos veja as fotos. Certamente você vai gostar.


Laguna Chaxa - Atacama - Chile

Salar de Uyuni - Bolívia

Vulcão Osorno - Chile

Glaciar Perito Moreno - Argentina

Ushuaia - Argentina

Camping selvagem - Argentina


CONSIDERAÇÕES INICIAIS:


a) FRONTEIRAS

Em outras viagens para o cone sul, saímos do Brasil por Foz do Iguaçu, Uruguaiana e Chuí. Desta vez, optamos por Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina. Foi, sem dúvidas, a melhor de todas as opções. Não demoramos nem 5 minutos na aduana e já estávamos liberados. Na volta, como queríamos conhecer as "Missões Jesuíticas", entramos por Paso de Los Libres/Uruguaiana. Péssima ideia. Estradas precárias no interior do Rio Grande do Sul e um fluxo muito grande de caminhões. Se possível, evite.

Para entrar no Chile, é necessário um certo cuidado pois não são permitidos itens como: frutas, verduras, frios, ovos, carnes, etc., e os fiscais são muito rigorosos com relação a isso. Na fronteira nos dão uma folha de papel com estas informações, no final perguntam se você possui ou não algum dos itens proibidos. Mesmo você afirmando que não possui nada, eles fazem uma vistoria na sua bagagem. Se encontrarem alguma das coisas proibidas, confiscam e te ameaçam de multas por ter mentido. 


b) POLÍCIA

Já havíamos estado na Argentina de carro ou moto outras 3 vezes. Em todas nos pararam e encontraram alguma "irregularidade". 

A primeira vez, de carro, com bicicletas nos transbike - excesso de carga - . Depois de muita conversa, cobraram "apenas" 1/10 do valor original da "multa".

Outra vez, de moto, eu e mais 3 amigos - "excesso de velocidade" (!). Onde? como? estamos cuidando... "passaram num radar"... depois de muita conversa: ok! cobraremos apenas uma multa pelas 4 motos (????). 

Desta vez, porém, correu tudo normal. Não sei se mudou a filosofia da polícia ou se demos sorte. Fomos parados inúmeras vezes. Até bafômetro, coisa que nunca fiz no Brasil, eu fiz lá. E, como estava tudo em ordem conosco, só recebíamos um "sea bienvenido" ou "mucho gusto, disfrutem"...

Outra coisa, se for parado pela "Policia Caminera", no meio de uma estrada, pare exatamente onde está o policial, sobre a pista de rolamento mesmo. Nada de encostar no acostamento, como no Brasil. Como já "tínhamos as manhas" não tivemos problemas, mas conhecemos alguns brasileiros que deixavam para parar no acostamento e eram duramente repreendidos.

No Chile, dizem que a polícia é muito rígida e honesta. Não tivemos nenhum problema. Sempre se mostraram extremamente simpáticos e cordiais, mas rígidos.


c) CÂMBIO

Nós optamos por levar dólares americanos, mas na Argentina aceitam reais sem maiores problemas em quase todos os lugares. E trocam também tanto reais quanto dólares ou euros em hotéis, restaurantes, postos de combustíveis, lanchonetes, lojas, etc. No Chile é mais complicado. Só conseguimos trocar dinheiro nas casas de câmbio.

Outra coisa: deixe para fazer a troca lá (Argentina ou Chile). Eu fiz a besteira de trocar um pouco de dinheiro no Brasil para chegar com alguns pesos no bolso, mas o câmbio lá é muito mais favorável.

No Chile, o melhor câmbio que conseguimos foi em San Pedro de Atacama.


d) COMBUSTÍVEL

Dizem que o combustível no Brasil é um dos mais caros do mundo, mas quando saímos, o diesel aqui estava um pouco acima de R$ 3,00, enquanto que na Argentina chegamos a pagar o equivalente a mais de R$ 5,00. No Chile, o preço era semelhante ao do Brasil.


e) PEDÁGIO

Tanto na Argentina quanto no Chile, muitas rodovias são pedagiadas e os pedágios não são baratos e os postos de pedágios ficam relativamente próximos uns dos outros e, em alguns casos, você paga também quando sai da rodovia principal, para entrar em alguma cidade, por exemplo.


f) CAMPINGS

A Argentina é bem servida de campings (municipais, particulares, selvagem). No Chile a oferta é menor e os campings possuem estruturas mais precárias, internet é normalmente muito ruim e nem sempre oferecem água quente para banho, mas dá para "se virar".


g) EQUIPAMENTOS E APLICATIVOS

Obviamente a viagem foi planejada com antecedência e para tal usamos o Googlemaps e um site argentino chamado Ruta 0. Serviram para traçar nosso roteiro básico. Para pesquisas sobre passeios e outras dicas de como economizar consultamos o site de um casal de mochileiros brasileiros que está viajando pelo mundo e passou cerca de dois anos pelas Américas do Sul e Central chamado mundosemfim.com. 

Durante a viagem utilizamos um GPS Garmin, mapas físicos e os aplicativos maps.me e o Ioverlander, com dicas e localização de campings, que funcionan offline (é só baixar os mapas com antecedência).

Bem. Agora vamos ao que interessa:


A VIAGEM

Saímos de Matinhos, Pr., no dia 26/12/2017 e rodamos por, aproximadamente, 600 km, por Araucária, Lapa, São Mateus do Sul até Francisco Beltrão, onde pernoitamos. Estradas boas até São Mateus. Daí para a frente fica entre "mais ou menos"  e ruim. Optamos por dormir em hotel. 

Dia seguinte fomos para Dionísio Cerqueira/Bernardo de Irigoyen e daí até Corrientes. Nenhuma novidade. Só deslocamento. Também dormimos em hotel.
. 

No 3º dia de viagem, cruzamos o Chaco argentino (muito calor!) e chegamos a Joaquím Victor Gonzáles. Nada demais. O interessante é que encontramos com uma expedição brasileira com 9 veículos 4X4 que também estava indo para o Atacama. Mais uma vez dormimos em hotel.

No 4º dia viajamos apenas 225 km e finalmente chegamos a Salta e nos instalamos no camping municipal que também é um balneário e tem uma piscina enorme onde a população local vai para aplacar o calor. Por sorte nossa a piscina estava vazia e o local estava tranquilo.

Salta é uma bela cidade, com bons restaurantes, sorveterias, bares e afins. Como nossa intenção era outra, não curtimos muito. Fomos passear no teleférico, mas não recomendamos. É caro e não tem muito o que ver. Se soubéssemos teríamos ido a pé. É uma subida íngreme mas certamente mais interessante que o teleférico.



Teleférico de Salta - Argentina

Salta - Argentina



5º dia. Agora a viagem vai começar pra valer!!!


Fomos para a cidade de Cafayate pela Ruta 68 e, depois a Cachi, pela Ruta 40. Imperdível! Foi muito "rípio", poeira e diversão. Estradas maravilhosas!!! Como estava no meio da tarde e ainda tínhamos muita coisa para ver, decidimos dormir em Cachi. Ficamos num hostal porque a barraca tinha ficado em Salta. Sábia decisão: muita coisa linda pelo caminho. Dia seguinte, seguimos pela Ruta 40 e Ruta 33. A paisagem é impressionante e muda a cada quilômetro rodado. 

Conhecemos a famosa "Recta de Tin Tin". Interminável... Depois a "Cuesta del Obispo", uma mistura de serra do Corvo Branco, do Rio do Rastro, Graciosa, Caracoles com uma boa quilometragem de rípio. Batemos os 3900 m de altitude. Retornamos a Salta.



Salta - Argentina

Salta - Argentina

Salta - Argentina

Coronel Moldes - Argentina

Coronel Moldes - Argentina



Grupo de brasileiros



El Sapo

Placa de carro brasileiro no painel do restaurante Baco em Cafayate - Argentina




Cafayate - Argentina

Vinícola em Cachi - Argentina

Cachi - Argentina

Cachi - Argentina

Cachi - Argentina

Cachi - Argentina

Cachi - Argentina

Discoporto - Cachi - Argentina



Recta de Tin Tin - Argentina



De Salta a Purmamarca, seguimos pela Ruta 9, recomendada para quem gosta de curtir uma estradinha tranquila, porém ela é bem traiçoeira. Muito estreita. Duas camionetes quando se encontram, têm que colocar as rodas da direita para fora da pista, mas vale o visual. Dormimos no camping da família Luna Garcia. Recomendamos! Aqui, conhecemos um casal de professores de São Paulo, o Lucas e a Stefani. Comemoramos a passagem do ano juntos.


Comemorando o Ano Novo com Lucas e Stefani - Purmamarca - Argentina

Purmamarca - Argentina

Cerro 7 Colores - Purmamarca - Argentina


Cerro 7 Colores - Purmamarca - Argentina

Purmamarca - Argentina

Purmamarca - Argentina

Purmamarca - Argentina

Purmamarca - Argentina


Camping Luna Garcia - Purmamarca - Argentina



De Purmamarca fomos até Humahuaca. A idéia inicial era descer até San Antônio de los Cobres para atravessar para o Chile pelo “Paso Sico” para curtir mais um pouco de "rípio". Porém, pelo fato de ter muito pouco movimento por lá e não ter abastecimento garantido (enquanto algumas pessoas a quem perguntávamos garantiam que sim, que havia combustível outras diziam que não havia), e também pelo fato do carro ter quase fervido para subir o cerro “14 Colores” (4.350 m), pois estava muito calor quando fomos, desistimos da ideia. 

No cerro sentimos a dificuldade de respirar em ar rarefeito. Mal estar e dor de cabeça. Dormimos no Hostal Humauaca. Resolvemos voltar a Purmamarca e seguir para o “Paso de Jama”, porém, antes de seguir viagem, passamos em um “taller”, para ver se estava tudo OK com o carro. Sem problemas. Só o susto. Dormimos em Susques, uma cidadezinha empoeirada, com suas casinhas monocromáticas, que lembra os velhos faroestes de Sergio Leone...
















Uquia - Argentina




CERRO 14 COLORES







HUMAUACA



Esta foto não é em Humauaca, mas em uma cidade próxima, cujo nome não lembro


GRANDE SALAR - JUJUY - ARGENTINA



Estátuas confeccionadas em blocos de sal


Brincando com a perspectiva no Gran Salar






SUSQUES - ARGENTINA


Lago com flamingos


Paso de Jama


Acordamos cedo e  partimos para fronteira, que só abre às 08h00. Chegamos lá por voltas das 08h30. Já tinha uma pequena fila para os trâmites de saída da Argentina/entrada no Chile. Demoramos por volta de 01:30 h. Pediram para que tirássemos toda a bagagem do carro para ver se havia algum produto de origem animal ou perecível. Como não tínhamos nada, “muchas gracias e bienvenidos a Chile. Buen viaje”. 

Enfim no Chile... 

Para chegar a São Pedro de Atacama (SPA), passamos por uma belíssima e perigosa estrada. Chegamos aos 4800 metros de altitude, o que nos deixou com uma dor de cabeça danada e certa dificuldade para respirar. Porém valeu o visual. Vimos guanacos, flamingos e o vulcão Licancabur. 

Chegamos a SPA e fomos direto ao hostal e camping El Anexo. Muito aconchegante e que não está em nenhum guia de camping, pertinho do centro e que tem, na entrada uma pequena padaria (Francheteria), com o melhor pão que comeríamos por todo  o resto da viagem. Um passeio para conhecer a city, perguntar sobre preços de passeios, etc. Fim da tarde, fomos ao “Valle de la Luna” para ver o pôr do sol. Belíssimo!!! 

Dia seguinte foi dia de passear pelo entorno de SPA. Visitamos, dentre várias atrações, a Lagoa Chaxas e o próprio salar. Vimos muitos flamingos. À noite, tour para ver as estrelas. Maravilhoso!



VULCÃO LICANCABUR - CHILE







SAN PEDRO DE ATACAMA - CHILE
















VALLE DE LA LUNA - CHILE

















06/01/2018. Este é o nosso 12º dia da viagem. 

Estamos chegando aos 4.000 km rodados. Ficamos em SPA e aproveitamos para conhecer um pouco mais desta bela cidadezinha.

Por estar localizada no deserto mais seco do
mundo, a amplitude térmica é muito grande. Calor de quase 40ºC durante o dia e um frio terrível à noite.

Aproveitamos para comprar um pacote para o “Salar de Uyuni” na Bolívia. Preferimos comprar um "pacote" pois é muito complicado viajar sozinho por lá, sem guia. É preciso conhecer muito bem a região para não se perder. 

Um outro problema é quanto a hospedagem e alimentação. Os alojamentos que têm por lá estão todos reservados pelas agências que fazem o passeio. A alimentação também é complicada. O cardápio é preparado pelos próprios guias/motoristas que levam tudo pronto e só alugam as estruturas locais para servir os seus passageiros. Quase não existem restaurantes. 

Outra coisa: os quartos são coletivos, para 4, 6 ou 8 pessoas. Conforme os turistas vão chegando, vão sendo acomodados, sem distinção alguma. Homens e mulheres podem ficar juntos. 

Visitamos diversas agências e optamos  pela “Sendero Místico”. Não foi o preço mais barato mas foi a que nos causou melhor impressão. O parceiro deles na Bolívia é a “Uturunco”. Os carros utilizados por eles são Toyotas de 7 lugares.

Uma van chilena pega os passageiros em suas hospedagens e os levam até a fronteira. Lá passam para os 4x4 bolivianos.

O pacote é completo, com todas as refeições, passeios e hospedagem. Não está incluso a entrada e a saída da Bolívia e a entrada no parque nacional, assim como o uso dos toaletes e banhos nos alojamentos. 

Note que para sair da Bolívia e voltar ao Chile é cobrada uma taxa de retorno, pelos bolivianos. Nem sempre você recebe esta informação quando compra o passeio.

O café-da-manhã do primeiro dia foi na própria fronteira, preparado pelos guias/motoristas. É o tempo necessário para limpar os veículos que acabaram de regressar com uma leva de turistas.

Detalhe: não existem toaletes para os turistas. Nem moitas! É complicado, especialmente para as mulheres...

Mas o mais inusitado foi ver gaivotas em plena cordilheira dos Andes...  

Tivemos a sorte de ter um guia/motorista muito bom chamado Alfie, Alfio, Alfi, sei lá... Quando parávamos em algum ponto turístico ele nos explicava tudo antes de descermos do carro e contava as peculiaridades daquele local. 

Passamos por umas termas (os guias dizem que precisa pagar para entrar nas piscinas, mas, na verdade, o que se paga mesmo é pelo uso dos toaletes),  lagos com flamingos, “Vale Salvador Dali” (um pouco decepcionante) e, finalmente, no 3º dia fomos ver o nascer do sol no Uyuni. Como havia chovido no dia anterior e ficado uma fina camada de água sobre o sal, nos proporcionou uma verdadeira “viagem” com o céu sendo refletido pelo espelho d’água. 

Fomos até Incahuassi, uma “ilha” em pleno deserto de sal, onde está, segundo os guias, o maior cacto do mundo. Visitamos também o antigo hotel de sal, onde almoçamos. Em frente a este hotel encontra-se o famoso monumento do Dakar, uma escultura feita de sal em homenagem ao maior rali do planeta, que passou pela região. 

Foi aqui também que pudemos sentir o fedor do, provavelmente, mais sujo banheiro do mundo. O mal cheiro chega a invadir o corredor onde ficam as lojas de artesanato e lembrancinhas. Um detalhe: é preciso pagar para usá-lo...

Dali, fomos até a cidade de Uyuni, conhecemos um cemitério de trens e retornamos ao Chile. 


Dormimos no caminho e acordamos por volta das 3:30 da manhã, com frio de -8ºC (!) para podermos chegar à fronteira a tempo de trocar de veículos, voltar para as vans e ceder os 4x4 para os próximos passageiros. A van nos deixou nas nossas pousadas novamente.

Normalmente deixávamos os hotéis bem cedo, por volta das 4 ou 5 horas da manhã, com muito frio.

O interessante nesta viagem é que a van que foi nos buscar no camping já estava quase lotada. Fomos os últimos a embarcar. Eram quase todos brasileiros: uma família de Campinas, pai, mãe e dois filhos adultos, um casal que mora em São Paulo, ela maranhense e ele pernambucano, duas curitibanas, a Jamile e a Vera, o Marcos, também paranaense, que era o guia e a argentina Carla, única estrangeira do grupo. Nos divertimos muito!



PASSEIO AO SALAR DE UYUNI

Fronteira Chile/Bolívia


Vans chilenas de um lado, 4x4 bolivianos do outro

Gaivotas nos Andes


Deserto de Dali - Bolívia

Deserto de Dali -Bolívia

Gêiseres - Bolívia (Vera, eu, Karin, Carla, Marcos e Jamile)

Gêiseres - Bolívia

Altiplano boliviano

Parada para almoço

Lago de flamingos

A "Taça"

O "Camelo"






Viscachia

Viscachia





Amanhecer no salar - brincando com os reflexos




Jamile e Carla



A argentina Carla



 Jamile e nosso guia Alfie

Nosso grupo: Jonas, os 4 de Campinas, o casal nordestino, Vera, Carla, Jamile, Karin e eu

Consegue ler o reflexo?




Ilha Incahuasi









Monumento de sal



Cemitério de trens - Uyuni - Bolívia





De volta a SPA, chegou a hora de descer para a costa do Pacífico. Seguimos até Antofagasta, onde dormimos. Dia seguinte, litoral. Chegamos a caleta Pan de Azúcar. Ficamos num camping muito legal, porém sem água quente e sem internet. Hora de conhecer os primeiros seres marinhos destas bandas. 

Impressionante como se juntam deserto e oceano... 

Encontramos aqui um grupo de brasileiros de Campinas que estavam em duas L200 e uma Pajerinho.







Pelicanos







Dali, rumamos para a Bahia Inglesa. Belíssimo lugar. Camping grande e bem estruturado. O problema foi uma barraca próxima à nossa onde a rapaziada festou até as 09:00 da manhã. Depois de conhecer o local, seguimos para Caleta Chañaral de Aceituno, vila de pescadores com camping comunitário. Assistimos a uma partida de futebol dos locais com camisetas que lembravam as cores da seleção brasileira. 

Dia seguinte aproveitamos para fazer um passeio de avistagem de baleias fin, pinguins de humboldt e lobos marinhos. Encontramos também um peixe-lua. Segundo o guia é muito mais difícil encontrar este tipo de peixe na superfície que uma baleia, já que é um peixe que vive a grandes profundidades e raramente vem à flor d'água. À tarde, seguimos para Tongoi, onde dormimos. Aqui conhecemos um chileno que, por viver em São Paulo por mais de 40 anos é conhecido como "brasileiro" e é o administrador do camping.





Durante todo o passeio pelo Chile encontraríamos muitas destas placas.

Partidinha de futebol



Surfistas nas geladas águas do Pacífico


Saída para ver baleias, lobos e pinguins

Pinguins de Humboldt

Lobos marinhos

Peixe-lua

Peixe-lua

Baleia fin

Baleia fin





Saímos de Tongoi por caminhos 
jamais imaginados, enfrentando estradinhas secundárias, passando inclusive dentro de propriedades privadas. Vimos muitos coelhos (ou algo semelhante) e pássaros. Sempre via litoral, por belíssimas praias, chegamos ao badalado balneário de Viña del Mar. Como já a conhecíamos passamos direto.

Entramos em Valparaíso e aproveitamos para fazer a troca de óleo do carro e balanceamento das rodas. Passamos por um bairro muito bonito e tranquilo no alto de um morro onde havia muito grafite (ah se o Rio de Janeiro fosse assim...). 

Dormimos em um camping quase selvagem em Laguna Verde. Camping las Gaviotas...
Dormimos super bem, aproveitando o silêncio da floresta. Havia apenas um trailler com um casal de alemães e uma barraca com uns rapazes. Bem próximo, estava o mar. Era só entrar em uma trilha, caminhar um pouco e descer o morro. Do alto era possível ouvir o som dos lobos marinhos, mas não pudemos vê-los. Estavam em uma ilhota próxima. 

Dia seguinte, tomamos café-da-manhã e seguimos rumo ao sul. Deixamos a costa e seguimos pela RN 5. Às vezes víamos o mar, mas a maior parte do tempo foi estradão (boa estrada), com muitos e caros pedágios. Paramos em Linares, aos pés da cordilheira, para dormir em um camping (que encontramos através do Ioverland), de um casal de senhores muito simpáticos. Camping nota 10. Pena que não consigo lembrar o nome...


De Linares, seguimos direto até Licanray onde dormimos quase aos pés do majestoso vulcão Villarica. Como já o havíamos escalado em uma outra ocasião, em dezembro de 2004, optamos por conhecer a rota dos 7 lagos. 


Escalada ao vulcão Villarica - dez/2004


Vulcão Villarica visto desde Pucón







Descendo o Villarica de "esquibunda"







Resolvemos ir até Liquiñe e ficamos em um outro camping quase selvagem, mas com águas termais e ao lado de um majestoso rio. O que conhecemos aqui foram alguns insetos tipo butuca, porém gigantes... A região é belíssima!


Fundos do camping Las Gaviotas - Valparaiso - Chile



Punta Lobos


Mais surfistas...




O majestoso Villarrica visto do camping 

 Vulcão Osorno - Chile

 "Butuquinha" em Liquiñe - Chile

 Mais um "insetinho", no braço da Karin

Camping em Liquiñe - Chile

Termas em Liquiñe - Chile




Continuando a conhecer a região dos Sete
Lagos, fomos até a cidade de Osorno e dormimos por lá mesmo. Antes de chegar a Puerto Fuy, cruzamos com uma competição de bike onde tinha, inclusive, alguns brasileiros. Aproveitamos para conhecer de perto o majestoso vulcão Osorno. 

Depois de percorrer quase todo o entorno do lago Llanquihue, chegamos a Puerto Montt e finalmente a Ancud, no arquipélago de Chiloé, alcançada através de uma travessia de ferryboat de pouco mais de meia hora. Passeamos pela cidade e fomos a uma feira chamada “Feria Costumbrista”, onde comemos um delicioso salmão com queijo, tomate e batatas. Bom demais!!! No caminho, topamos com uma operação para apagar um foco de incêndio florestal que estava ameaçando um bairro da cidade. Foi usado até um helicóptero nesta operação.

Depois de Ancud,  seguimos para Castro e região para conhecer algumas igrejas consideradas “Patrimônio da Humanidade” pela UNESCO. São igrejas antigas confeccionadas inteiramente em madeira. Conhecemos também as famosas palafitas de Chiloé.  Aproveitamos para comprar as passagens para travessia de Quellón a Chaitén. Compramos para dois dias depois.Já que estávamos em Chiloé, aproveitamos  para conhecer o Parque Nacional. Incrível como sabem explorar bem aquilo que a natureza nos dá. Pagamos 4.000,00 pesos chilenos, o equivalente a cerca de R$ 25,00 mais ou menos. 

O que nos deixa tristes é que nós temos muito mais a oferecer, com mais variedades de plantas e animais e não conseguimos nem uma pequena parte das visitas que vemos aqui. Marumbi, Itupava, Saint Hilarie, Rio da Onça, etc., são alguns exemplos no litoral do Paraná que poderiam oferecer algum atrativo àqueles poucos que se aventuram por seus caminhos. Porém, falta estrutura, segurança e algum conforto para o usuário, como banheiros, por exemplo. Uma pena! 


Como a estrada de Chaitén para o sul estava interrompida, tivemos que aguardar três dias para tomar outro ferry até Puerto Raúl Marin Balmaceda. 




Competição de bike entre Puerto Fuy e Pucón






Vulcão Osorno


Entre vulcões

Ferry para a Isla de Chiloé

Patrimônio da Humanidade



Churrasquinho na Feria Costumbrista













Parque Nacional de Chiloé


Folha de Nalca


Palafitas de Chiloé



Não é o que você pode estar pensando. É alho!






No ferry para Chaitén conhecemos um casal de gaúchos (Ever e a Professora Rubi), que estavam viajando de carro também e têm um Face chamado “sigam-me os bons, pelo mundo”. 

Chegamos pela madrugada e optamos por dormir no carro mesmo.

Apesar de dormirmos no carro, dormimos, relativamente bem, ainda que fizesse muito frio.

Acordamos, fomos à praia preparar um café-da-manhã e saímos para procurar um camping. Nos instalamos no “Tierra Viva” por 5.000,00 chilenos cada um, com banho quente a qualquer hora e uma pequena cozinha. Recomendamos! Saímos para conhecer o vulcão Chaitén, que depois de 10 mil anos adormecido, em 2008 arrasou a cidade que ainda está sendo reconstruída.

26/01/2018 – Hoje completa um mês que saímos de casa. Fomos conhecer o “ventisquero Yelcho”. Maravilhoso! Como as chuvas de dezembro passado destruíram algumas pontes e partes das estradas que vão para o sul, teremos que aguardar por  uma balsa que vai nos levar para “Puerto Marin Balmaceda” para podermos seguir adiante. 

O problema é que o ferry sai às 7 da manhã, então, teremos que acordar bem cedo. E de madrugada faz muito frio. 

Acordamos às 5:00 horas e a chuva tinha recém passado. Embrulhamos a barraca molhada mesmo e fomos para o ferry. Voltou a chover... No ferry, conhecemos dois casais de Brusque, SC que estão fazendo um trecho parecido com o nosso, mas iriam até o final da “carretera austral” e voltariam.

Um casal viaja em um motorhome e outro, com uma filha adolescente, em um 4x4 com uma barraca de teto. Foi um dia meio perdido. A viagem durou cerca de sete horas e não deu para apreciar muita coisa por conta do mau tempo. Chegando a Raúl Balmaceda, seguimos em direção a Coyhaique. 

Dormimos num camping bem “roots” em La Junta, aos pés do “ventisquero Colgante”. As únicas vantagens foram o banho quente e um lugar coberto para armar a barraca pois a chuva continuava...

A ideia inicial era conhecer o ventisquero, mas, por conta da chuva intensa e contínua, desistimos  e seguimos em frente. Belíssimo trecho apesar do dia chuvoso. Reencontramos os catarinas pescando num rio ao lado da estrada. Paramos para mais um bate-papo e continuamos.

No Chile existe a cultura de que todo chileno deve fazer a "carretera austral" em algum momento de sua vida, seja de carro, ônibus, moto, bicicleta ou carona. É impressionante o número de pessoas que encontramos neste trajeto, com mochilas nas costas, pedindo carona, pedalando, de carro, em grupos ou sozinhos tudo nas condições desfavoráveis que uma estrada de terra, ou melhor, pedriscos soltos (o famoso rípio), pode apresentar, sem contar, frio, vento e às vezes, chuva. Um dia demos carona para umas jovens, recém completados 18 anos que estavam fazendo "a viagem da vida" delas. Muito empolgadas. E assim muitas pessoas, das mais variadas idades, de jovens a sessentões. Muito interessante!!!



 Café da manhã na "praia" em Chaitén. Árvores mortas pelas cinzas do vulcão






O vulcão. Onde havia a cratera existe hoje esta montanha









 Ventisquero Yelcho





Ferry para Puerto Marín Balmaceda


Almoçamos em Puerto Aysén e seguimos até Coyhaique. Fomos procurar um camping. Demoramos um pouco para encontra-lo porque o GPS nos mandou para o lado direito da estrada e o camping ficava do outro lado. Achamos!

Conhecemos um casal de brasileiros em uma Land Rover, Lucas e Cláudia, que pretende rodar o mundo para conhecer a culinária de cada local. Eles têm um projeto chamado “Mãos na Massa e Pé na Estrada”. A noite foi foda. Muita cantoria até de manhã. 

Depois de uma noite mal dormida, seguimos para Puerto Tranquilo para conhecer as famosas “Capillas de Marmól”. Na verdade, segundo os guias, o correto é "capilla", no singular, pois existe apenas uma capela e uma catedral de mármore. As outras formações, não recebem esta denominação.

No caminho passamos pela belíssima região de Cerro Castillo.

Puerto Tranquillo fica às margens de um grande lago que está localizado parte na Argentina e parte no Chile. A parte chilena é denominada de lago General Carrera e a parte argentina de lago Buenos Aires.

Em Puerto Tranquilo,  descobrimos um outro passeio maravilhoso: caminhar sobre um glaciar chamado “Os Exloradores”. Fomos fazê-lo.

Saímos com chuva e começamos a caminhada acompanhados por ela. Foi uma caminhada de mais de nove horas para pouco mais de 10 km. Um dos passeios mais lindos que fizemos. Foi demorado por conta das paradas para fotos e pela dificuldade de se caminhar no gelo, usando grampões. 

Caminhar sobre o gelo foi uma experiência nova e gratificante. Depois do meio-dia o sol começou a dar o ar da graça e tornou a experiência ainda mais linda. Foi um passeio bem carinho, mas valeu a pena. 120 mil chilenos para o casal (mais ou menos R$ 720,00). Nos acompanhou um guia local chamado Cristóvão, cujo sonho é trabalhar no Brasil como guia de mergulho.

Para o dia seguinte, havíamos decidido que se o tempo estivesse bom iríamos para as “capillas”. Amanheceu um sol lindíssimo, mas com muito vento e muito frio! 

Existem duas opções para se fazer o passeio: de barco a motor, por 10 mil chilenos ou de caiaque, por 30 mil chilenos. Por várias questões (tempo, economia, etc.) resolvemos ir de barco. Santa decisão! Como ventava muito, dentro de um lago de água doce haviam ondas gigantes que por vezes, cobria todos os passageiros do barco. Chegamos molhados e com muito frio. Imagina se tivéssemos optado pelo caiaque... 

Uma curiosidade: foi neste lago que morreu, em 2015, aos 72 anos, o multimilionário e conservacionista americano Douglas Tompkins, fundador da marca de roupas para montanha The North Face, quando o caiaque em que se encontrava virou e ele, não conseguindo se reerguer, teve hipotermia.

Depois de sua morte, suas terras foram doadas ao Chile e transformadas em Parques Nacionais para que fossem preservadas.

Mirante do Cerro Castillo

Cerro Castillo

Cerro Castillo


Glaciar Los Exploradores


















El Condor



Lago  General Carrera











Depois do passeio, por volta do meio-dia, saímos em direção a Chile Chico, última cidade chilena, distante pouco mais de 160 km. Porém as informações que obtivemos era que a viagem duraria entre 4 e 6 horas, devido às péssimas condições da estrada. 

A paisagem é de tirar o fôlego. Montanhas nevadas de um lado e o lago do outro. Tudo ia bem até que, faltando 25 km para o destino, ouvimos um barulho estranho na roda dianteira esquerda. Parada para ver: a roda torta! Resolvo ir bem “despacito” até a cidade. Foram cerca de 5 horas até chegar. Fomos direto a uma oficina (Santa Valentina). O mecânico pediu para voltar pela manhã porque já estavam fechando. Fomos para um camping bem perto e lá dormimos.

Dia seguinte, acordar e levar o carro ao mecânico. Esperamos até ele aparecer, por volta das 09:30. Falei, com ar de entendedor que achava que era o rolamento da roda. Ele olhou para a minha cara, não disse nada e mandou o empregado tirar a roda, depois o amortecedor e eu perguntei o que era e ele respondeu alguma coisa em chilenês que me pareceu algo como: quebrou o parafuso da rebimbela da parafuseta!!! Eu disse: hummmmm e demora muito? No! E arrumou a coisa. Pagamos 40 mil chilenos (algo como R$ 250,00) e voltamos ao camping. Almoçamos, desmontamos tudo e seguimos para a fronteira. 

De volta à Argentina, dormimos a alguns km de Bajo Caracoles, num camping em uma fazenda onde só havia água quente para o banho e mais nada! O lugar é chamado de “Cueva de las Manos”. A senhorinha que nos atendeu disse que próximo dali, havia um sítio arqueológico com pinturas rupestres. Não poderíamos perder a oportunidade de conhecer este sítio... 

Dia seguinte, partimos para lá. Ficamos maravilhados...



Grupo de visitantes: alemães, suiços/italianos e nós











Depois do passeio, voltamos à Ruta 40 seguimos
para El Chaltén para conhecer o famoso “Fitz 
Roy”. 

O dia estava deslumbrante, com um sol
maravilhoso e umas poucas nuvens no 
céu. De repente a Karin me perguntou: “o bicho é aquele?” Eu olhei e disse: “Acho que é...”. Olhei para o  GPS e ainda faltavam 96 km para chegar e ele já se mostrava imponente... chegamos à cidade e fomos para o camping, de onde podíamos avistá-lo em toda sua majestosidade.... 


O dia seguinte amanheceu nublado, mas resolvemos fazer a trilha para conhecer de perto o “Fitz Roy”. Caminhamos (ida e volta), por 25 km por quase nove horas. Foi gratificante. Pelo meio do caminho o tempo foi melhorando e as nuvens foram dando lugar a um maravilhoso sol. Encontramos, inclusive, uns cervos pastando que passaram bem ao nosso lado. Achamos que eram huemules. 

Terminada a trilha, fomos até a administração do parque para mostrar as fotos dos bichinhos que vimos. O guarda-parque vibrou com as fotos, mais que nós quando os encontramos. Confirmou que eram huemules, dois machos, um adulto e um filhote de aproximadamente 3 meses. Nos agradeceu demais pelas fotos. 

Huemules são animais em risco de extinção. Por isso, quando são avistados causam tanto furor. Uma funcionária nos disse que trabalha no parque a mais de cinco anos e nunca viu nenhum. E nós, no primeiro dia, já encontramos dois. Muito legal.

























Nos despedimos de El Chaltén e seguimos para El Calafate para conhecer o glaciar Perito Moreno. Chegamos à tarde e fomos direto para o camping, no centro da cidade. Lá mesmo compramos um passeio de barco para ver a grande geleira de perto. Compramos para as 13:00 horas do dia seguinte. 

Saímos cedo, passeamos pelas passarelas e ficamos impressionados com o barulho que a geleira faz, parecendo fogos de artifício. Ficamos maravilhados. Seguimos para o embarcadouro e para o passeio.  Lá pelas tantas, estávamos olhando para o imenso paredão de gelo quando uma pequena parte começou a ficar azulada e despencou na água gerando um barulho incrível, afundando e submergindo em seguida. 

Impressionante ver surgir um iceberg no meio da água. Lindo demais















O surgimento de um iceberg.




Seguimos para “Torres del Paine”. Resolvemos ir 
por um “paso” alternativo, pouco utilizado, que deixa a viagem mais curta mas a estrada é por rípio. Avistamos muitos animais: pássaros, lebres, guanacos, tatus, ñandus e, pela primeira vez pegamos noite na estrada. O céu quase não tinha nuvens. Foi uma experiência fantástica. 

Chegando à imigração chilena nos perguntaram para onde iriamos. Quando dissemos que nosso objetivo era chegar ao parque nacional, nos informaram que, por conta das chuvas intensas do dia anterior, as estradas para o parque estavam fechadas.Tocamos direto  para Puerto Natales onde dormimos num camping pequeno de um casal super simpático e que o proprietário fala português, por já ter morado no Brasil. 

O céu estava muito estrelado. Porém, pela madrugada virou, choveu e esfriou muito. Amanheceu chovendo novamente. Achamos que não valia a pena ficar na cidade aguardando o tempo melhorar e as estradas serem reabertas porque as previsões não eram nada otimistas e seguimos para Punta Arenas onde compraríamos passagem para atravessar o “Estreito de Magalhães”. Fomos comprar as passagens mas o escritório estava fechando para almoço. Decidimos voltar no dia seguinte. 

Aproveitamos para lavar roupa, ir ao  supermercado e passear um pouco pela cidade, cujo cemitério é uma das maiores atrações.





No outro dia, compramos as passagens para o dia seguinte e continuamos passeando por Punta Arenas.

Acordamos cedo e fomos para o porto. Nosso ferry partiria às 09:00 h e deveríamos chegar com uma hora de antecedência. A viagem foi tranquila, mas como o dia estava chuvoso e muito frio, não deu para curtir muito. Viagem de menos de duas horas. Tocamos direto para a fronteira argentina. 

Chegamos a Ushuaia por volta das 18:00 horas e nos instalamos num quarto alugado pelo Air BnB pois o clima não era propício a dormir em uma barraca. Aproveitamos e fomos a uma pizzaria...

Dia 09/02/2018 – 45º dia da viagem e 11.245 km rodados. Passeios pela cidade, museu, presídio do fim do mundo e comprar um passeio de veleiro pelo canal de Beagle para amanhã.

Dia seguinte às 08:00 h da manhã pegamos uma van (aqui chamada de combi) até o porto Almanza para embarcar no veleiro Paludine. Estava muito frio. Nevou à noite e os morros do entorno estavam muito bonitos.  Apesar do frio e de algumas pancadas de chuva o passeio foi maravilhoso, com avistamento de pinguins, lobos-marinhos, muitos pássaros e até uma baleia minke. 

No barco estavam, além do comandante e um ajudante, um casal de coreanos, um casal de jovens espanhóis e mais dois outros amigos também espanhóis, estes "coroas" como nós. 

Existem diversas opções de navegação pelo canal de Beagle. Optamos pelo Paludine por ser um passeio diferenciado, à vela, um pouco mais caro. 

O que aconteceu foi que, realmente as velas foram içadas e o passeio começou com uma velejada. Porém, ao passarmos por trás de uma ilhota, o vento foi bloqueado e as velas foram recolhidas e, mesmo quando o vento voltou, continuamos o passeio a motor, o que frustou um pouco a expectativa de um passeio "de veleiro". Não sabemos se isso sempre acontece ou se foi só naquele dia.

O passeio terminou por volta das 14:00 horas e chegamos a Ushuaia pouco depois das 15:00 h. Almoçamos e, como o tempo melhorou e o sol voltou a brilhar, ainda deu tempo de fazer um trekking até o glaciar Martial. Afinal, o dia aqui só termina por volta das 21h00.

Os argentinos "vendem" Ushuaia como a cidade mais austral do planeta. Porém existe Puerto Williams, no Chile, na ilha de Navarino, que se encontra cerca de 10 km ao sul de Ushuaia. Talvez por ser muito pequena (cerca de 2200 habitantes) e a maioria de sua população pertencer à Marinha Chilena, além da dificuldade de acesso, ainda é pouco conhecida pelos viajantes, mas, a história está começando a mudar...

O Presídio Del Fin Del Mundo

O presídio que funcionou em Ushuaia entre os anos de 1902 e 1947 foi construído com a finalidade de povoar a região mais austral argentina que, até aquele momento tinha como habitantes, majoritariamente indígenas.

Para lá eram mandados presos políticos e "assassinos sanguinários", que tinham que trabalhar para sua sobrevivência. Assim nasceu o "trem do fim do mundo", hoje atração turística, mas que, começou com a finalidade de ir buscar lenha tanto para construção como para aquecimento.

Hoje o presídio funciona como um museu.

Algumas curiosidades:

O grande ídolo da musica argentina, Carlos Gardel (que era uruguaio), esteve detido neste presídio, em 1905, quando tinha apenas 15 anos por prostituição e tráfico de mulheres.

Simón Radowinsky, ucraniano, um anarquista, que esteve preso por assassinato de um chefe de polícia em 1900, é considerado o único detento que conseguiu fugir deste presídio, ainda que tenha sido recapturado (ou se entregado), 29 dias depois.

Porém, o mais famoso dos presidiários do Ushuaia, foi Cayetano Santos Godino, mais conhecido como "Petiso Orejudo" (o pequeno orelhudo), mandado para lá aos 16 anos diagnosticado como "degenerado hereditário", por ter assassinado 4 criancinhas, 7 tentativas de assassinato e incendiado 7 edifícios. Morreu, assassinado, aos 48 anos de idade, dentro do presídio.




Puerto Natales



Estrecho de Magallanes







Presídio Del Fin Del Mundo







Petiso Orejudo




Puerto Williams - Chile






Colônia de Pinguins





Lobos Marinhos



Glaciar Martial

Ushuaia visto do glaciar Martial



Bem, já que chegamos ao fim do mundo, é hora de

voltar para casa. Sair da Argentina, entrar
novamente no Chile e voltar à Argentina para,
enfim, chegar em casa... Dormimos em Rio Gallegos.

No caminho, aproveitamos para conhecer o parque Monte León, onde almoçamos. O parque é grátis e possui uma pinguineira e uma loberia. É necessário fazer uma trilha de uns 2 km para a pinguineira e 1,5 km para a loberia. Ficamos bem perto dos pinguins, mas muito longe dos lobos. 
Vimos também muitos guanacos. 

Dormimos em San Julian, onde tem uma réplica da nau com a qual Fernão de Magalhães fez a navegação entre os oceanos pacífico e atlântico. 

Aqui também é o local onde foi rezada a primeira missa em solo argentino. Outra atração da avenida costaneira é um avião Mirage que lutou na guerra das Malvinas.




Ventos patagônicos
























Saímos de San Julian pela costaneira norte, uma
estrada de rípio e que vai costeando o mar. Dali,
seguimos pela Ruta 3 e depois mais 50 km 
de rípio até o parque das árvores petrificadas, em 
Jamarillo. Coisa simplesmente incrível. 

Lá os guardas-parque são extremamente rigorosos e não permitem que o visitante leve nenhum "regalito" para casa. Todos, antes de sair do parque têm que abrir suas bolsas, mochilas e mostrar os bolsos, para terem certeza que nenhuma pedrinha está sendo levada.

Dormimos no camping “La Paloma”,  cerca de 
20 km antes do parque. Bem rústico, mas com um administrador super simpático, o Sr. Balmaceda.












Depois de conhecer a floresta petrificada, partimos para mais uma loberia que fica bem perto de Caleta Olivia, ao lado da estrada e que não se paga nada para ver.

Foi o dia em que vimos o maior número de leões marinhos na viagem. Muitos mesmo! Depois, seguimos por uma estrada muito ruim até Comodoro Rivadávia e depois até Camarones, onde dormimos no camping municipal.

Dia seguinte optamos por seguir até Cabo Raso por estrada de rípio. E, dali até Punta Tombo onde existe uma reserva natural com milhares de pinguins. A entrada não é barata, algo como R$ 60,00 por pessoa, mas valeu a pena! Depois seguimos para Rawson, onde pernoitamos. Tudo por rípio. Foi o dia de ver muitos animais pelo caminho: tatus, zorros, ñandus e, claro, guanacos. Foi um dia de muito calor...


Leões Marinhos




Pinguins






Guanacos

  



Saímos de Rawson e tivemos um dia um tanto ou
quanto frustrante. Rodamos muitos kms em
estrada de rípio, a pior de toda a viagem para vermos elefantes marinhos em “Punta Ninfa”, mas eles não estavam mais lá. O período de acasalamento  já tinha terminado e eles já tinham partido, mesmo assim ainda vimos pinguins e lobos marinhos. 

Dormimos em Puerto  Pirâmides, na Península Valdes, no camping local. O horário de banho é pela manhã ou no fim da tarde mas você só tem direito a um banho por dia, controlado através do "vale banho" que você recebe ao entrar no camping.

Rodamos bastante por rípio em boas condições, para ver elefantes marinhos, lobos, pinguins e, com sorte, orcas. Vimos tudo, até um tatuzinho. Menos orca. Sabemos que não é nada fácil vê-las. 

Dia seguinte, saímos cedo do camping para tentar ver as orcas. Fomos a 3 pontos diferentes onde havia a possibilidade de vê-las. Porém elas não apareceram... 

Tempos atrás, assistimos um filme argentino chamado “El Faro de las Orcas”, que foi filmado na Península Valdes. Por acaso encontramos e entramos na casa onde o protagonista morava. 

Aqui nós encontramos pela 3ª ou 4ª vez um trailler de uns franceses que trabalham para a National Geografic e que, de tão grande, nós o apelidamos de "O ignorante"...




Quase desaparecemos ao lado do "ignorante"





Camping em Puerto Piramide.

Praia em Puerto Piramide










De Puerto Piramide, tocamos para o balneário “Las Grutas” em San Antônio Oeste, onde resolvemos passar um dia de descanso. Conhecemos uma praia muito diferente das que estamos acostumados. Na maré baixa parece feita de concreto, quase não tem areia... Existem também umas piscinas escavadas nestas pedras que, com a maré cheia se enchem. O interessante é que a maré sobe muito e muito rapidamente e baixa na mesma proporção.







Seguimos para um balneário chamado “Pehuen-có”, onde existe, talvez, a menor reserva natural do mundo. Apenas 5 km², onde existem pegadas de animais que viveram há cerca de 10 a 12 mil anos, impressas nas pedras à beira mar e que estão se destruindo por ação do próprio mar. A área já foi maior, antes de se tornar reserva, mas a ação do homem e do mar, destruíram boa parte do acervo.

21/02/2018 – 57º dia. Voltando para casa. Quase já não temos nada para ver. Dormimos em “Los Lobos”, um belo lago a caminho de “Buenos Aires”. As estradas, até então ótimas, começam a dar sinais de deterioração devido ao tráfego de veículos pesados, mas nada que se assemelhe às brasileiras. Desviamos de Buenos Aires para Zárate, e seguimos pela Ruta 12 e Ruta 14.

22/02/2018 – 58º dia. Dia de acelerar para chegar a Uruguaiana. As estradas continuam não sendo maravilhosas, mas, ainda assim, é possível andar a 120 km/h. Deixamos a barraca no carro e dormimos um um hotel em Uruguaiana.

23/02/2018 – 59º dia. Tocamos até Vacaria. Descobrimos que a decisão de entrar por Uruguaiana não foi a melhor. Deveríamos ter seguido até Bernardo de Irygoien para entrar por Dionísio Cerqueira, por onde havíamos saído do Brasil. Estradas horríveis e com muitos caminhões rodando. Foi estressante demais. Dormimos em Vacaria. 

A única coisa positiva foi que aproveitamos para conhecer um pouco da história das “Missões” no Rio Grande do Sul. Visitamos São Miguel das Missões. Muito legal.











24/02/2018 – 60º dia. Foram 474 km de Vacaria até em casa. Finalmente, depois de 17.069 km rodados, estamos de volta, já pensando na próxima...

E daí gostou?

Eu sou Ernesto Greinert Filho, 65 anos em 2018. Minha companheira é a Karin, 8 anos mais nova que eu.

Ambos somos aposentados e gostamos muito de viajar. Também somos corredores maratonistas de rua e de montanha.

Cada um tem um filho. O meu, engenheiro de computação deixou tudo para trás, comprou uma mochila e está percorrendo o mundo com sua namorada. Sua viagem está sendo contada em mundosemfim.com.

O filho da Karin é universitário, skaitista e surfista.

Se quiser entrar em contato conosco, use o email:

ernestogfilho@gmail.com


Veja abaixo o roteiro completo, com todas as distâncias:


ROTEIRO  MARAVILHAS DO SUL DO MUNDO
ODOM TOTAL
SAÍDA CHEGADA DISTÂNCIA TOTAL OBS
SAÍDA MATINHOS 131766
MATINHOS FCO BELTRÃO 599 599 132361
FCO BELTRÃO B. IRIGOYEN 84 683
BERNARDO IRIGOYEN CORRIENTES 633 1352
CORRIENTES J.  V. GONZALEZ 609 1961
J. V. GONZALEZ SALTA 225 2186
SALTA  CAFAYATE 184 2295
CAFAYATE CACHI 152 2447
CACHI SALTA 162 2615
SALTA  PURMAMARCA 171 2786
PURMAMARCA TILCARA 25 2812
TILCARA HUMAHUACA 44 2922
HUMAUACA SUSQUES 202 3127 134981
SUSQUES PASO DE JAMA 203 3330
PASO JAMA S. P. ATACAMA 481 3492 135258
SPA PASSEIOS 3981 135425
SPA ANTOFAGASTA 327 4308 135752
ANTOFAGASTA PAN DE AZUCAR 449 4757 PAN DE AZUCAR 136106
CHAÑARAL BAHIA INGLESA 104 4861 136237
BAHIA INGLESA CALETA CHAÑARAL DE AZEITUNA 469 5330 BALEIAS 136606
CALETA PUNTA CHORROS 26 5356 136632
PUNTA CHORROS TONGOI 179 5535 FICAMOS 1 DIA 136811
TONGOI LAGUNA VERDE 420 5955 137231
LAGUNA VERDE LINARES 414 6369 137729
LINARES LICANRAY 510 6879 138239
LICANRAY LIQUIÑE 72 6951 138311
LIQUIÑE OSORNO 257 7208 138568
OSORNO ANCUD (CHILOÉ) 291 7499 138859
ANCUD CASTRO 83 7582 ISLA CHLOÉ 138942
CASTRO QUELLON 86 7668 ISLA CHLOÉ 139220
PASSEIOS EM CHILOÉ 203 7871
QUELLON CHAITÉN FERRY 139220
PASSEIOS EM CHAITEN 203 8074 139423
CHAITÉN PUERTO RAÚL MARIN BALMACEDA FERRY 139423
P. R. M. BALMACEDA LA JUNTA 75 8149 139498
LA JUNTA  COIHAIQUE 400 8549 139896
COYAHIQUE PUERTO RIO TRANQUILO 232 8781 MARMOL 140128
PASSEIOS R. TRANQUILO 106 8887 140234
P. RIO TRANQUILO CHILE CHICO 166 9053 140400
CHILE CHICO CUEVAS DE LAS MANOS 154 9207 140554
PASSEIO ÀS CUEVAS 54 9261 140608
CUEVA DE LAS MANOS EL CHALTEN 560 9821 141168
EL CHALTÉN EL CALAFATE 219 10040 141387
EL CALAFATE PUERTO NATALES 428 10468 141815
PUERTO NATALES PUNTA ARENAS 250 10718 142065
PASSEIOS EM P. NATALES PUNTA ARENAS 54 10772 142119
PUNTA ARENAS PORVENIR FERRY R$ 200,00 + 30 PP
PORVENIR USHUAIA 438 11210 142595
PASSEIOS EM USHUAIA 35 11245
USHUAIA RIO GALLEGOS 572 11817
PASSEIOS EM MONTE LEÓN 60 11877 143167
RIO GALLEGOS   PUERTO SAN JULIAN 423 12300 143590
PUERTO SAN JULIAN BOSQUE DE PEDRAS /JAMARILLO 260 12560 143850
JAMARILLO COMODORO RIVADAVIA 274 12834 144124
COMODORO RIVADÁVIA CAMARONES 270 13104 144394
CAMARONES RAWSON 280 13384 144674
RAWSON PUNTA NINFAS 92 13476 144766
PUNTA NINFAS PUERTO MADRYN 72 13548 144838
PUERTO MADRYN PUERTO PIRAMIDES 111 13659 144949
PASSEIOS 432 14091 145381
PURERTO PIRÂMIDES LAS GRUTAS 319 14410 145700
LAS GRUTAS SAN ANTONIO OESTE 22 14432 145722
SAN ANTONIO OESTE PEHUEN CO 490 14922 146212
PEHUEN CO CORONEL PRINGLES 188 15110 146400
CEL PRINGLES AZUL 434 15544 146834
AZUL URUGUAIANA 764 16308 147598
URUGUAIANA SÃO MIGUEL DAS MISSÕES 389 16697 147937
S. M. MISSÕES VACARIA 324 17021 148361
VACARIA MATINHOS 474 17495 148835
-219
17069





















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